Os jogos olímpicos acabaram. O Brasil ficou com 3 ouros, 4 pratas e 8 bronzes. Tivemos algumas decepções como o futebol masculino, o Diego Hipólito e toda a Ginástica, o Jadel Gregório, o Judô e talvez até o Vôlei de praia, que quem esperávamos mais medalhas e mais ouros. Mas também tivemos boas surpresas, como o César Cielo, o Taekwondo e a Maurren Maggi, por exemplo. Então não dá pra falar que fomos abaixo das espectativas.
Até porque, no total, tivemos 15 medalhas (
veja os resultados completos aqui no site do Globo Esporte, recorde de medalhas, junto com a Olimpíada de Atlanta em 1996, mais do que Sydney e Atenas. Esse
infográfico aqui no Ney York Times mostra a quantidade de medalhas de todos os países em todas as olimpíadas de maneira muito legal e visual. Dá pra ver como mantivemos o nível desde 1996. Pela primeira vez ficamos na frente de Cuba, por exemplo.
Agora, podemos fazer alguns comentários pontuais sobre os resultados.
Futebol msculino: não se importa e não se prepara para vencer a competição. Fica com o bronze porque tem atletas muito melhores que outros países que também não se importam muito em ganhar a medalha de ouro. Acho que pra fazer assim é melhor nem ir.
Futebol feminino: as atletas e os treinadores são heróis! O Brasil nem campeonato nacional tem, um ou outro torneio de várzea por aí. Chegar onde a gente chega é quase que um milagre. Mas mesmo assim, poderíamos ter tido mais ousadia na final, tentando atacar mais as americanas e se preocupar menos com a defesa.
Vôlei: é o esporte mais organizado e mais vitorioso do Brasil. O ouro feminino veio com muita autoridade e apagou a fama de amarelonas das mulheres. Aliás, em geral, fica a impressão de que os brasileiros tem medo de vencer, em todos os esportes, não só aqui. Na praia tivemos problemas pontuais mal solucionados como a contusão da Juliana. Por isso não tivemos chances de ouro ali. O vôlei masculino perdeu porque o Bernardinho é cabeça dura e quis levar um time com um levantador 10 vezes pior do que o Ricardinho. Se o Ricardinho estivesse ali a história seria outra. E a atitude do Giba de sair rápidinho da quadra sem falar com ninguém, pra mim, tem a ver com isso.
Basquete: lamentável. É o contrário do vôlei. Não dá nem gosto de ver.
Natação e atletismo: todos os que ganham medalhas aqui são heróis, fenômenos que se fossem americanos ou chineses poderíam ser como o Michael Phelps. Não tem estrutura nenhuma, não tem campeonatos de alto nível no Brasil para se desenvolver e precisam ir treinar fora do país para alcançar os principais atletas do mundo. Esses dois esportes, pra mim, também tem o problema grave do doping. Fico com a desconfiança de que todos ali se bombam mesmo, senão nunca ganharíam uma medalha.
Hipismo: lamentável, caiu muito e ainda teve dois cavalos eliminados por doping. Um esporte que involuiu bem, me parece.
Judô: chegou à Pequim com uma espectativa muito maior do que as reais possibilidades de vitórias. Acho que não foi mal não, teve até uma medalha feminina inédita...
Ginástica: faltou preparo psicológico, o pessoal chora muito, parece o Botafogo! Acho que tinha espectativa excessiva aqui também.
Em uma análise um pouco mais geral podemos dizer que as mulheres esculacharam os homens dessa vez. Foram seis das 15 medalhas, o que proporcionalmente deve ser um resultado muito melhor. Eu acho, não fiz essa estatística. Em geral achei que faltou um preparo psicológico melhor para os atletas. Parece que os caras travam na hora de vencer, vêem que tem chance e aí se desesperam.
Politicamente acho que a gente (enquanto povo) rasga dinheiro no esporte. O país investe muito mal uma montanha de dinheiro que deveria dar resultados muito melhores. Os dirigentes e até alguns atletas (como os de futebol) vêem o dinheiro como um fim e não como um meio de obtêr melhor qualidade de vida. Acho que essa mentalidade faz com que se gaste mal e se conquiste menos vitórias.
Mais politicamente ainda, os jogos olímpicos são um símbolo de união dos povos, de boa convivência, de liberdade. China não tem nada a ver com isso. Acho que a grana pela grana foi o determinante para se realizar a competição lá e que os ideais do Barão de Cobertin foram jogados no ralo.